Bolsolão do MEC: ex-ministro confirma que Bolsonaro mandou receber pastor

01/04/2022 (Atualizado em 01/04/2022 | 16:38)


O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro confirmou à PF (Polícia Federal) nesta quinta-feira (31), que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu para que ele recebesse um dos pastores acusados de negociar verbas do MEC (Ministério da Educação) para prefeitos em suposta prática de lobby.

O ex-ministro, no entanto, negou que tenha tido pedido de “tratamento privilegiado” e negou a existência de um “gabinete paralelo” na pasta, de acordo com informações do Globo.

“O presidente Jair Bolsonaro realmente pediu para que o pastor Gilmar fosse recebido, porém isso não quer dizer que o mesmo gozasse de tratamento diferenciado ou privilegiado na gestão do FNDE ou MEC, esclarecendo que como ministro recebeu inúmeras autoridades, pois ocupava cargo político”, disse o ex-ministro em seu depoimento.

Bolsonaro não questionou

Ribeiro disse ainda que o presidente não questionou sobre o teor da conversa após a primeira reunião com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura no MEC: “o presidente da República jamais indagou o declarante a respeito da visita do pastor Gilmar”.

A PF iniciou investigações na última sexta-feira (25) sobre o ministro atendendo a um pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República). Foi aberto também um inquérito para apurar suspeitas de corrupção envolvendo verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), ligado ao MEC (Ministério da Educação). O pedido de inquérito, neste caso, foi feito pela CGU (Controladoria Geral da União).

Fora de contexto

O ex-ministro disse à PF que a conversa em que ele afirma que o governo federal prioriza a liberação de verbas a prefeituras ligadas aos pastores foi tirada de contexto. Segundo ele, o sentido da fala era de prestigiar Gilmar Santos na “condição de líder religioso nacional”.

“Aquela afirmação, a da gravação, foi feita como forma de prestigiar o pastor Gilmar, na condição de líder religioso nacional, não tendo qualquer conotação de enfatizar os amigos do pastor Gilmar teriam privilégio junto ao FNDE ou Ministério da Educação”, garantiu.

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Milton Ribeiro afirmou ainda que “não autorizou” os pastores a falarem em nome do MEC. Ele também disse que “não tinha conhecimento que o pastor Gilmar ou o pastor Arilton supostamente cooptavam prefeitos para oferecer privilégios”.

No final das contas, o ex-titular da pasta elogiou os religiosos. Segundo Ribeiro, ele tem uma relação “de respeito” com ambos por conta da “posição religiosa” deles.

Por Julinho Bittencourt, da Fórum

Fonte: Socialismo Criativo