COP26 | Deputados do PSB desconfiam de metas estabelecidas pelo Brasil, atual ‘vilão ambiental’

04/11/2021 (Atualizado em 04/11/2021 | 12:33)

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O governo brasileiro assinou, com mais de cem países, durante a COP26, a conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, em Glasgow, na Escócia, um acordo para proteção de florestas que tem como meta zerar o desmatamento no mundo até 2030. A adesão, no entanto, contrasta com a atitude permissiva do governo Bolsonaro diante do avanço do desmatamento e dos ataques aos povos originários.

Medidas como a redução dos investimentos em estudos para enfrentar os efeitos da crise climática, que de 2016 a 2018 passou de R$ 20,7 milhões para R$ 2 milhões só reforçam essa tendência.

Para o líder da Oposição, Alessandro Molon, o governo Bolsonaro tenta, mais uma vez, enganar a opinião pública internacional. “Na COP26, ele diz que reduziu os gases causadores do efeito estufa, mas, na prática, equiparou ao que já estava previsto desde 2015. Mais um vexame internacional.”

O chamado Forest Deal prevê investimento de US$ 19,2 bilhões em recursos públicos e privados para ações de preservação das florestas, combate a incêndios, reflorestamento e proteção de territórios indígenas.

Embora o Brasil tenha se comprometido reduzir os gases poluentes de 43% para 50% até 2030, além de se antecipar na meta de zerar o desmatamento ilegal de 2030 para 2028, parlamentares do PSB presentes à COP26 desconfiam da intenção do governo de trabalhar por esses objetivos.

Coordenador da Frente Parlamentar Ambientalista, Rodrigo Agostinho é autor da PEC que inclui a segurança climática na Constituição Federal. Ele participará de diversas reuniões para tratar de assuntos correlatos como o aumento do desmatamento, desregulamentação ambiental, liberação de agrotóxicos e mercado de carbono.

O socialista considera que a contribuição mais relevante que o Brasil pode dar para amenizar os efeitos das mudanças climáticas é perseguir o desmatamento zero. “Não podemos permitir que haja mais afrouxamento da legislação, sob o risco de assistirmos cada vez mais eventos com severas consequências ao meio ambiente. Perdemos 1,5 milhão de hectares de florestas por ano. É muito. Precisávamos levar uma nova meta climática, não para 2050, mas sim metas de curto, médio e longo prazos”, alerta.

Segundo Agostinho, o Brasil não está fazendo seu dever de casa. “O desregramento ambiental tem sido uma marca e isso está cobrando um preço elevado para nosso país lá fora”, lamentou. “O Brasil é para ser o grande líder nesse processo. Sempre lideramos as negociações internacionais sobre o clima. Não se pode continuar fazendo maquiagem verde. O Brasil deveria ser o grande protagonista, é para ser o país que vai receber o maior número de investimentos”, ponderou.

A deputada federal Tabata Amaral (SP), que também participará do evento, criticou a ausência do presidente da República na COP26. Ela disse que o Brasil não vai conseguir virar a chave para ser um país sustentável com Bolsonaro no poder. “Entretanto, em nada surpreende a ausência dele na COP26. Estarei lá para representar um outro Brasil, que tem o desenvolvimento sustentável como meta e que se preocupa com o aquecimento global”, disse.

O deputado federal Aliel Machado (PR) considera que o Brasil passa por um dos momentos mais desafiadores em relação à imagem externa do país. Isso ocorre pelas ações do atual governo, que abandonou as relações internacionais, principalmente no que diz respeito ao meio ambiente. “Desde o início de seu governo, o presidente da República trata com desdém as políticas ambientais”, afirmou.

O parlamentar reforçou que é preciso recuperar a imagem do Brasil, mas não apenas com as promessas do governo de redução de gases poluentes. Para ele, é preciso a implementação de ações concretas, como o fortalecimento das instituições que podem fiscalizar o desmatamento ilegal e o investimento em ciência e tecnologia.

Fonte: PSB Nacional