35 mi de pessoas sem saneamento no Brasil e esgoto na natureza

23/03/2022 (Atualizado em 23/03/2022 | 12:31)

Moradores convivem com esgoto a céu aberto na favela do Jacarezinho, zona norte do RJ; o estado tem 3 municípios entre os 20 piores – Tércio Teixeira
Moradores convivem com esgoto a céu aberto na favela do Jacarezinho, zona norte do RJ; o estado tem 3 municípios entre os 20 piores – Tércio Teixeira


A falta de investimentos em saneamento básico continua a prejudicar a população mais vulnerável. Um estudo divulgado nesta terça-feira (22), Dia Mundial da Água, mostra mais de 35 milhões de pessoas não têm acesso à água tratada em todo o país e o equivalente a 3,5 mil piscinas olímpicas de esgoto são jogadas na natureza diariamente.

O que reflete “em centenas de pessoas hospitalizadas por doenças de veiculação hídrica”, de acordo com o Instituto Trata Brasil que, em parceria com a GO Associados, publicou a 14ª edição do Ranking do Saneamento.

Somado a isso, 100 milhões não têm acesso ao serviço de coleta de esgoto. Dos que têm, apenas 50% é tratado. O que reflete a falta de investimentos que, em 2020, foram de R$ 13,7 bilhões, valor insuficiente para cumprir as metas do Novo Marco Legal do Saneamento, aprovado também em 2020, conforme

O intuito é mostrar os desafios que o país continuar a enfrentar tomando por base os 100 maiores municípios do país, que concentram 40% da população brasileira. Os dados são os mais recentes obtidos no Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). O estudo é realizado desde 2009.

Entre 2019 e 2020, foi registrado pequeno aumento de na cobertura de água tratada, de 93,5% para 94,4%. A população com acesso a coleta de esgoto também teve um tímido crescimento e passou de 74,5% para 75,7%. E, o acesso à coleta de esgoto passou de 62,2% para 64,1%.

Por outro lado, também aumentou o desperdício de água potável na distribuição, que aumentou de 35,7% para 36,3%.

Embora avalie positivamente o aumento na cobertura de saneamento, a presidente-executiva do Trata Brasil, Luana Pretto, afirma que o ritmo é lento.

Leia também: Socialistas cobram iniciativas do governo para a preservação da água

“A tendência de melhora é baixa. Nós vemos um ganho de 0,9, 1,2 e 1,9 ponto percentual nos indicadores, o que ainda é muito pouco para a realidade que nós temos no país”, enfatiza.

O cenário se mostra ainda pior quando se compara a realidade das 20 melhores cidades com a das 20 piores no ranking.
“Existe uma discrepância muito grande. A população atendida com coleta de esgoto nas melhores é de 95,5%, enquanto que, nas piores, é de 31,8%”, diz.

Poder público não faz o óbvio

O estudo reforça que quanto mais investimentos, melhor será o acesso da população e, consequentemente, dos indicadores.

Os municípios com os melhores índices investem quase três vezes mais do que aqueles com os piores indicadores.

Em média, as 20 cidades no topo da lista investem R$ 135,24 por habitante. Nas 20 piores, são apenas R$ 48,90. Em valores totais, os valores equivalem a R$ 17 bilhões no primeiro grupo e R$ 3,8 bilhões do segundo em cinco anos.

“O saneamento básico é um serviço que reflete diretamente na vida das pessoas. A partir do momento em que a dona Maria entende os reflexos positivos em educação, turismo, saúde, é importante que ela cobre que avanços sejam executados”, diz. “Nós sabemos que leva um tempo para ter avanço em saneamento. Por isso que é necessário ter planejamento adequado, metas e recursos. É um tema importante que deve ser debatido e cobrado.”
PSB defende necessidade de planejar o saneamento básico

PSB defende integração de políticas de saneamento

Em seu processo de Autorreforma, que está em curso no PSB, o partido entende que a água é um recurso estratégico nacional. Por isso mesmo, não pode estar disponível, apenas para os grupos econômicos fortes.

“Somente pode ser explorada como uma concessão regulada e regulamentada por normas claras, que permitam ao Estado garantir prioritariamente o acesso em quantidade e qualidade para o uso humano”, defende.

Pela sua importância social e estratégica, o PSB salienta a importância de fortalecer a luta contra “toda e qualquer forma de privatização da água”. O que vale tanto para o setor de saneamento ou dos rios e aquíferos brasileiros.

Para que isso se concretize, é necessária a integração de políticas públicas dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) para garantir a ampliação do saneamento básico, do acesso à água potável e limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.

“Como um direito humano primordial para o desenvolvimento saudável de todos os brasileiros”, destaca a Autorreforma.

Confira o Ranking do Saneamento Básico

  1. Santos (SP)
  2. Uberlândia (MG)
  3. São José dos Pinhais (PR)
  4. São Paulo (SP)
  5. Franca (SP)
  6. Limeira (SP)
  7. Piracicaba (SP)
  8. Cascavel (PR)
  9. São José do Rio Preto (SP)
  10. Maringá (PR)
  11. Ponta Grossa (PR)
  12. Curitiba (PR)
  13. Vitória da Conquista (BA)
  14. Suzano (SP)
  15. Brasília (DF)
  16. Campina Grande (PB)
  17. Taubaté (SP)
  18. Londrina (PR)
  19. Goiânia (GO)
  20. Montes Claros (MG)
  21. Sorocaba (SP)
  22. Palmas (TO)
  23. Niterói (RJ)
  24. Campinas (SP)
  25. Praia Grande (SP)
  26. Petrópolis (RJ)
  27. Uberaba (MG)
  28. Campo Grande (MS)
  29. Jundiaí (SP)
  30. São José dos Campos (SP)
  31. Boa Vista (RR)
  32. Santo André (SP)
  33. Petrolina (PE)
  34. Ribeirão Preto (SP)
  35. Anápolis (GO)
  36. João Pessoa (PB)
  37. Belo Horizonte (MG)
  38. Taboão da Serra (SP)
  39. Salvador (BA)
  40. Diadema (SP)
  41. Campos dos Goytacazes (RJ)
  42. Caruaru (PE)
  43. Porto Alegre (RS)
  44. Rio de Janeiro (RJ)
  45. Osasco (SP)
  46. Sumaré (SP)
  47. Aparecida de Goiânia (GO)
  48. Mauá (SP)
  49. São Bernardo do Campo (SP)
  50. Serra (ES)
  51. Contagem (MG)
  52. Carapicuíba (SP)
  53. Vitória (ES)
  54. Mogi das Cruzes (SP)
  55. Cuiabá (MT)
  56. Betim (MG)
  57. Itaquaquecetuba (SP)
  58. Guarujá (SP)
  59. São Vicente (SP)
  60. Florianópolis (SC)
  61. Ribeirão das Neves (MG)
  62. Caxias do Sul (RS)
  63. Aracaju (SE)
  64. Paulista (PE)
  65. Olinda (PE)
  66. Blumenau (SC)
  67. Mossoró (RN)
  68. Guarulhos (SP)
  69. Feira de Santana (BA)
  70. Juiz de Fora (MG)
  71. Vila Velha (ES)
  72. Natal (RN)
  73. Bauru (SP)
  74. Nova Iguaçu (RJ)
  75. Santa Maria (RS)
  76. Fortaleza (CE)
  77. Camaçari (BA)
  78. Joinville (SC)
  79. Caucaia (CE)
  80. Pelotas (RS)
  81. Canoas (RS)
  82. Belford Roxo (RJ)
  83. Recife (PE)
  84. Teresina (PI)
  85. São Luís (MA)
  86. Cariacica (ES)
  87. São João de Meriti (RJ)
  88. Jaboatão dos Guararapes (PE)
  89. Manaus (AM)
  90. Duque de Caxias (RJ)
  91. Maceió (AL)
  92. Gravataí (RS)
  93. Várzea Grande (MT)
  94. São Gonçalo (RJ)
  95. Ananindeua (PA)
  96. Belém (PA)
  97. Rio Branco (AC)
  98. Santarém (PA)
  99. Porto Velho (RO)
  100. Macapá (AP)

Com informações do g1 e da Folha

Fonte: Socialismo Criativo