Diversas
cidades do Brasil reconhecem o Dia da Consciência Negra – celebrado em 20 de
novembro - como feriado em homenagem à morte de Zumbi dos Palmares, líder quilombola brasileiro durante o período colonial.
É bem verdade que ainda temos um longo caminho a trilhar pelo fim do racismo,
mas por que no Rio Grande do Sul ainda não publicou nenhuma lei estadual que
faça menção à data?
Acredite
se quiser, mas o RS é estado com maior número de terreiros no país, a frente da
Bahia e do Rio de Janeiro. Apesar do Rio Grande do Sul ser considerado o berço
do racismo brasileiro, calcula-se que haja 65 mil terreiros em todo o estado.
Ou seja, é praticamente impossível não ouvir à noite o batuque dos tambores nos
bairros das cidades gaúchas.
Em
Porto Alegre, há 50 anos, cansados dos problemas enfrentados pela negritude
brasileira – quatro jovens idealizaram a criação de uma data que fizesse a
população refletir sobre a questão racial. A partir de 1971, o Dia da
Consciência Negra se tornou referência nacional. Porém, no Rio Grande do Sul, a
data continua sem ter o devido reconhecimento.
Para o secretário estadual da Negritude Socialista Brasileira no RS (NSB), Vladimir Massa, o fato do Rio Grande do Sul ser o segundo estado com mais brancos no país reforça o motivo do Estado não reconhecer a data como feriado:
“O dia 20 de novembro é de suma importância para a reflexão da inserção do povo negro em todos os âmbitos da sociedade. Essa data também reúne ações no combate ao racismo e nos lembra da luta da negritude para a conquista de espaços”, disse o socialista, ressaltando figuras históricas como Nelson Mandela, Malcolm X, entre tantas outras, que batalharam pelos direitos da população negra.
Desigualdade
O RS é um dos estados com maior
diferença de desenvolvimento humano entre brancos e negros, de acordo com um
estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A maior
diferença entre brancos e negros está nos quesitos educação e renda. Nesse
contexto, vale ressaltar o trabalho realizado pela Fundação Palmares – a nível
nacional - na criação de ações afirmativas com o objetivo de eliminar as
desigualdades históricas e as discriminações raciais, étnicas e religiosas. Bem
como, o cumprimento do sistema de cotas nas universidades públicas e concursos
com a reserva de vagas para o povo negro.
Quando o assunto é saúde, a pandemia
não é a mesma para todos. Os negros são os que mais morrem e os que menos recebem
vacinas contra a Covid-19 no Brasil. Mas, infelizmente, esse cenário também se
repete em outros lugares do mundo. O que demonstra a falta de ações
governamentais em prol da saúde da população negra.
Fazendo um recorte por raça e gênero,
a situação das mulheres negras é ainda pior. No mercado de trabalho, por
exemplo, apesar de ter ocorrido um avanço na valorização salarial das mulheres
negras nos últimos anos, a escala de remuneração manteve-se inalterada: homens brancos têm os melhores rendimentos, seguidos
de mulheres brancas, homens negros e mulheres negras. Ou seja, elas são as que
mais sofrem com baixos salários e a falta de oportunidades de emprego.
Com tantas razões para refletir profundamente sobre os problemas que afetam a negritude, o que falta para o Rio Grande do Sul tornar o Dia da Consciência Negra feriado estadual? Fica o questionamento.
Fonte: Stéphany Franco/Ascom PSB RS