Jornal Nacional de Literatura de Passo Fundo homenageará grandes escritores

20/04/2017 (Atualizado em 19/04/2017 | 20:43)

Luciano Azevedo é prefeito de Passo Fundo
Luciano Azevedo é prefeito de Passo Fundo

 

Espaços, música e o palco de debates se abrem à tradição e ao legado da arte literária

Em 2017, a Jornada Nacional de Literatura, que sempre teve como característica principal dialogar com a atualidade, se abre também para homenagear a tradição. Por isso, a 16ª edição da movimentação literária, que acontece entre os dias 2 e 6 de outubro, volta seus olhares a quatro grandes escritores brasileiros: Moacyr Scliar, Ariano Suassuna, Carlos Drummond de Andrade e Clarice Lispector, contemplando sua trajetória e as obras que marcaram suas carreiras. 

O primeiro fator que motivou a escolha dos escritores como homenageados foi o fato de o ano da Jornada estar relacionado ao nascimento ou ao falecimento desses autores. Moacyr Scliar e Ariano Suassuna nasceram em 1937 e em 1927, respectivamente. Já Drummond faleceu em 1987, enquanto Clarice faleceu em 1977. “Essas datas são importantes para nós, mas mais importante do que isso é alicerçar a literatura contemporânea à tradição”, destacou o coordenador da Jornada Miguel Rettenmaier. 

De acordo com o coordenador, a Jornada sempre buscou dialogar com a atualidade, mas não pode esquecer o que veio antes. “São autores que já fazem parte do cânone, nomes fundamentais à literatura brasileira. Em especial dois desses autores são de grande valor para a Jornada. Scliar participou de vários momentos da Jornada e Suassuna recebeu aqui o título de Doutor Honoris Causa, ou seja, nós temos ligação com esses autores que estão  vinculados não só à tradição literária, mas também ao passado da Jornada”,  lembrou. 

Entre as homenagens programadas, está o “batismo” dos quatro ambientes em que acontecem as atividades das Jornadas Literárias. O espaço reservado às atividades da 8ª Jornadinha Nacional de Literatura levará o nome de “Espaço Lendas Brasileiras, Clarice Lispector”, composto por quatro lonas com nomes alusivos às personagens de lendas brasileiras transcritas por Clarice Lispector na obra Como nasceram as estrelas (1987): Tenda Yara, Tenda Malazarte, Tenda Negrinho do Pastoreio e Tenda Curupira. 

O Espaço Drummond será composto por livrarias e setores da imprensa, ambiente de sessões de autógrafos e estandes de patrocinadores, em um complexo que homenageia o poeta. A frente do complexo, com acesso aos demais ambientes, será chamada de Passo Itabira (alusão a Passo Fundo e à cidade de nascimento de Drummond).

O Espaço Suassuna, na grande lona, com capacidade para 2 mil pessoas, é uma homenagem a Ariano Suassuna. A entrada do circo terá nomenclatura associada à obra do autor, o que também ocorre com o palco, chamado Palco da Compadecida. 

Já o Espaço Moacyr Scliar, no Centro de Eventos da UPF, abrigará as exposições da Jornada e da Jornadinha. A entrada do Centro de Eventos terá nomenclatura associada à obra do autor, bem como o hall de entrada, chamado Hall dos Centauros. 

As Jornadas Literárias são realizadas pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e pela Prefeitura de Passo Fundo. A 16ª edição conta com os patrocínios do Banrisul, Corsan, Companhia Zaffari e Bourbon e com o apoio do Ministério da Cultura, além da parceria cultural do Sesc, dentre outras empresas e órgãos. Informações sobre a programação completa podem ser obtidas no portal www.upf.br/16jornada, pelo e-mail jornada@upf.br ou pelo telefone (54) 3316-8368.

Dos moinhos à Matrix

As homenagens à literatura estão também na música tema da 16ª Jornada. Intitulada “E agora você? (Dos moinhos à Matrix)”, a letra é, segundo o coordenador, uma grande homenagem à literatura. “Ela é toda construída com alusões às obras, com evocações à tradição literária. O título é uma homenagem a Drummond e faz também uma associação entre os moinhos quixotianos e à matrix computadorizada”, explicou o professor, destacando ainda que todo o texto é produzido como uma homenagem apaixonada à literatura que poderia ter sido feita por qualquer pessoa. “Qualquer leitor apaixonado pode se aventurar pela poesia e se encantar com a palavra. Aliás, o poeta Chacal nos ‘manda esta letra’: de que a língua é brother e de que a palavra é sister. Não estão aí para humilhar ou reprimir”.  

Com uma batida mais rock and roll, a música escrita pelo coordenador em parceria com os integrantes da banda Roudini e Os Impostores, Gustavo Leal e Bruno Philippsen, reúne referências, metáforas e recursos diferenciados para questionar o leitor: “E agora, quem você vai ser?”. “Nos reunimos e decidimos algumas coisas que colocam a música como elemento diferenciado. Nós não havíamos ainda contemplado uma voz feminina na trilha da Jornada. Decidimos, então, que uma parte da música deveria ter uma entonação de fala e aí entrou a voz feminina da jornalista Afani Carla Baruffi, fazendo muitas referências à literatura brasileira”, revelou.

A música também faz algumas referências à literatura latino-americana e até usa algumas metáforas para falar de Passo Fundo. “Por exemplo, Comala é Passo Fundo e quando a gente canta ‘Comala em chamas’ é porque quer aquecer a cidade pela leitura. O texto está todo construído para essa batida, com ritmo de rock and roll, que é resultado do talento dos meninos”, explicou o coordenador.

"Recebi a letra do professor Miguel Rettenmaier e logo comecei a trabalhar numa harmonia com total liberdade, tendo certo cuidado para que a melodia não caísse em 'lugar comum', ou seja, para que não houvesse uma relação direta com trilhas, temas e também para que não soasse como hino, mas sim como um pop/rock vibrante e intenso”, contou o vocalista e guitarrista da banda, Gustavo Leal.  O resultado foi uma canção nos moldes que o público da Roudini e Os Impostores já conhece, com uma letra interessante que viaja pela história da literatura e cita direta ou indiretamente autores grandiosos. “Estamos muito satisfeitos com o resultado e acredito que não só aqueles que vivem a Jornada de Literatura irão gostar. É uma canção para todos”, destacou. 

O tecladista Bruno Phlippsen contou que o clima de criação e produção foi muito agradável e fluído. Ao todo, foram cerca de duas semanas entre a gravação e a finalização da música, mas a maior parte aconteceu durante um dia, no Estúdio Dom Rodolfo, que fica na casa do tecladista. ";Participo das Jornadas há muito tempo, desde que era estudante de Letras na UPF. Além disso, trabalhei na organização de algumas edições, e, agora, arranjar e gravar a música tema foi algo sensacional”, finalizou.   

 

Assessoria de Imprensa 

 

Fonte: Assessoria