Beto Albuquerque analisa conjuntura atual e projeta eleições de 2018 

03/04/2017 (Atualizado em 03/04/2017 | 18:13)

Beto Albuquerque é vice-presidente nacional do PSB
Beto Albuquerque é vice-presidente nacional do PSB

O presidente do PSB/RS e vice-presidente nacional da sigla, Beto Albuquerque, concedeu entrevista ao jornal O Nacional, de Passo Fundo, no último dia 29 de março. O socialista analisou a conjuntura política atual, relembrou as eleições presidenciais de 2014, quando foi candidato à vice na chapa com Marina Silva, e projetou o pleito de 2018. Confira os principais momentos abaixo:


Beto Albuquerque confirma: deseja, sim, ser candidato a Presidente da República nas eleições de 2018. Porém a decisão deverá vir apenas no final deste ano, como declarou durante entrevista concedida na última quarta-feira (29). “Na política não existe nada definido de antemão. Tenho até o final do ano para pensar muito no que fazer”, afirmou. Ele, que entrou na disputa das eleições de 2014 ao lado de Marina Silva (Rede) após a morte do então presidente do PSB, Eduardo Campos, também analisou o atual cenário político. Para Beto, o momento é “impróprio para todas as discussões”, visto a intensa movimentação criminosa que permeia o status político. Ainda assim, 2018 lhe parece ser um “fim de ciclo”: renovação segue como a palavra-chave. “Sinto que muitos políticos da velha guarda serão mandados embora”, afirmou ele, com base na visão de quem esteve foi eleito por seis mandatos consecutivos. Longe da tribuna desde 2014, a presidência que cabe a Beto no momento é a do PSB estadual. Além de disputar a majoritária, o ex-deputado federal também tem o projeto de lutar pelo protagonismo do partido. “Tenho lutado muito como dirigente nacional; instigado as bases, mesmo que a nossa candidatura seja apenas de construção, de demarcação de espaço – mas propugnar ideias e mostrar o que temos vai ser essencial”, pontuou.


 PT – PMDB
“Uma aliança que custou muito caro”
 A vitória de Dilma Rousseff e Michel Temer em 2014 não foi por acaso. Como opinou Beto, a aliança PT e PMDB – que somou 12 minutos em rádio e televisão – foi essencial para que a então presidente continuasse no poder. “O tempo nos veículos foi uma arma muito importante para a vitória sobre seus adversários. Foi uma eleição do Davi contra o Golias; da mentira contra a verdade; dos números escondidos e da ausência do debate. Dilma foi uma candidata do ataque e em momento algum aceitou fazer o debate efetivamente. Foi uma aliança que custou caro”, declarou ele. Para o ex-deputado, o declínio do governo petista começou na falta de humildade em enxergar que o mundo caminhava em um sentido na economia – e o Brasil perseguia algo que já não era mais cabível. “Endividar o cidadão como forma de ativar a economia já não fazia mais sentido. Além disso, em 2014 indústria já perdia força. Quando o Congresso vira um balcão de negócios, é muito difícil sair soluções que de fato possam ajudar a indústria, o setor agrícola, educacional, de saúde e segurança pública a tomar um rumo necessário”, lembra ele. 



REFORMA DA PREVIDÊNCIA
“Ao invés de achar soluções, querem tirar direitos dos trabalhadores”

 A principal reforma a ser feita no país é a de juros, e não a previdenciária, afirmou Beto Albuquerque. Para ele, o maior rombo do Brasil foi o pagamento de R$ 700 bilhões em juros sobre a dívida. “Tudo isso foi pago aos bancos. A previdência, mesmo com os seus problemas, não é o grande rombo do país”, declarou ele. O problema, para ele, está principalmente no setor público. “Nestas mudanças da Previdência, ou você mexe para todo mundo ou você pune os mais pobres. O grande rombo não está na Previdência em si, no INSS, mas no setor público”, observou. Para Beto Albuquerque, o ato de transferir o limite da idade para até 65 anos – tanto para homem quanto para mulher – é mostrar que o governo só enxerga o profissional de alto poder aquisitivo que ingressa  tarde no mercado de trabalho. “Quem começar a trabalhar com 16 ou 17 anos e seguir até os 65 vai ter 50 anos de contribuição. A proposta do governo sugere 65 anos de idade e 25 de contribuição. Isso significa que ele vai começar a trabalhar aos 40. Isso tudo não coagula com a realidade”. Para explicar sua visão desfavorável sobre a Reforma, ele cita Getúlio Vargas. “O capitalismo brasileiro sempre encontra uma forma de beneficiar seus interesses punindo os mais pobres. Isso está se repetindo. O Brasil precisa de um novo Getúlio Vargas”. 



REFORMA POLÍTICA
“O momento é impróprio para discussões”
 O governo dos movimentos populares de Lula deixou passar a possibilidade de fazer uma grande reforma política, começa Beto. “No fim, acabou optando pela velha forma de fazer política, que é a de toma-lá-dá-cá. Ou seja, o governo de esquerda brasileiro – que todos ajudamos a eleger – jogou fora as expectativas e não aproveitou o momento que tinha para fazer todas as reformas possíveis”. Agora, segundo ele, é a hora da consequência. Com 39 partidos, ele acredita que a política virou um “balcão de negócios”. Para Beto, o ideal é uma redução no número de siglas; o fim das coligações nas chapas proporcionais – senadores, deputados e vereadores – e a instituição dos mandatos de cinco ou seis anos, sem possibilidade de reeleição. Mas no momento, o ideal é esperar para que essas ideias sejam postas em prática. “O que vivemos no momento é impróprio para todas as discussões. Ao falar de Reforma Política, sempre surge a questão da lista fechada, que é o esconderijo dos políticos de ficha suja. Filosoficamente a lista pode ser interessante, mas se vivêssemos um regime parlamentarista ou em outra circunstância. No contexto atual, qualquer um com uma grande mala preta entra nos partidos e ingressa como o primeiro da lista”, pontuou.  



ELEIÇÕES 2018
“É o fim de um ciclo político”
 As eleições de 2018 têm todas as características para serem muito semelhantes às de 1989, retoma Beto Albuquerque. “Há a ascensão de uma nova geração na política. Muitos da velha guarda serão mandados embora. Assim como em 1989, todos os partidos deveriam apresentar candidatos próprios”, cita ele. Em 1989, José Sarney saía do poder após mandato-tampão de seis anos. Na época, surgiram vários candidatos – entre eles, os estreantes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Collor de Melo, que acabaram se enfrentando no segundo turno. Collor terminou vitorioso – mas foi afastado do poder por impeachment em 1992, após denúncias de corrupção. “Em 2018, espero que os brasileiros não vão apenas atrás de um nome ou um personagem dito como “herói”. Heróis não existem e nunca existirão. Todos os governantes de sucesso – como Juscelino Kubitschek (1956 a 1961) e Getúlio Vargas (1930 a 1945 e 1951 a 1954) – foram competentes porque pensaram na nação. Eles não foram caricatos ou populistas, mas tinham projetos. Espero ver isso em 2018”, terminou. 



Informações do Jornal O Nacional - Passo Fundo/RS

 

Fonte: Assessoria