Artigo: Mês de Novembro da Consciência, por Valneide Nascimento

26/11/2021 (Atualizado em 26/11/2021 | 10:43)

Foto: Divulgação
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Apesar de negros e negras serem mais de 54% da população brasileira, ainda são vistos como não pertencentes a diversos espaços, em especial da vida pública. Situações do dia-a-dia que refletem o racismo são muito mais comuns do que se pensa, muitas delas são atitudes sutis, quase imperceptíveis. Xingamentos grosseiros, como as injúrias raciais, são as formas mais escancaradas de racismo, porém essas acontecem em menor quantidade.

Há outras formas sutis de atitudes racistas, aquelas difíceis de capturar, exceto por pessoas negras que já foram alvo um número incontável de vezes. Uma delas é o olhar. Ele pode ser de desprezo, indiferença de julgamento.

Acredito que a maior saga da população brasileira é o racismo estrutural porque impede o acesso igualitário aos espaços de poder.

Os jovens negros e negras são os que mais sofrem com homicídios no Brasil e o racismo produz consequências gravíssimas, com a exclusão de negros e negras dos direitos mais básicos.

A população negra é que mais depende do auxílio da bolsa família porque estão com fome.

Qual a necessidade de mexer em time que está ganhando? O bolsa família é um programa mais bem avaliado no Brasil. Seria racional trabalhar para aprimorá-lo, torná-lo mais simples, definindo reajuste de linhas de entrada e mais benefícios. No entanto, a proposta do atual governo não atua nessas lacunas e traz um desenho de transferência de renda absolutamente bagunçado. Inclui incentivos financeiros pouco justificáveis do ponto de vista técnico, que vão competir com o que é essencial: reduzir a  pobreza.

 Enfrentar o racismo institucional na administração pública é democratizar o acesso aos serviços e às políticas públicas para que todas as pessoas possam exercer sua cidadania.

O histórico racista do país têm dificuldade de reconhecer ou mesmo oportunizar pessoas negras em cargos de destaque ou liderança.

No tempo em que vivemos, marcado por constantes avanços de natureza material e tecnológica, combater a chaga da desigualdade de raça constitui não apenas um imperativo constitucional, mas, sobretudo, um dever moral e ético de nossas consciências.

Por isso, encerro com uma frase do grande líder negro sul-africano, Nelson Mandela:

     “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, a pessoa precisa aprender.
E se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar”.

Valneide Nascimento dos Santos

Secretária Nacional da NSB

Fonte: PSB nacional