CPI ouve depoimento de parentes de vítimas da covid-19

18/10/2021 (Atualizado em 18/10/2021 | 12:55)

reprodução internet
reprodução internet

Às vésperas do fim dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado, o gramado em frente ao Congresso Nacional, em Brasília, ganhou, nesta segunda-feira (18), um grande varal com 600 lenços brancos. A instalação, feita pela organização não governamental (ONG) Rio de Paz, simboliza os mais de 600 mil mortos pela covid-19 no Brasil. Os mesmos lenços foram expostos na Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, no início deste mês.

Na primeira hora da reunião desta segunda-feira (18), o presidente da CPI, Omar Aziz (PSB-AM), apresentou os convidados para depor, vítimas do epicentro da pandemia, em Manaus, capital do Amazonas.

Leia também: CPI da Pandemia ouvirá integrante do Conasems nesta terça-feira

Além dos lenços, o grupo também estendeu quatro faixas em uma das praias mais tradicionais do país. Em um dos cartazes a entidade propões o seguinte questionamento: “Quem são os responsáveis por esta tragédia?”. Nos outros três são expostas as palavras “incompetência”, “irresponsabilidade” e “insensibilidade”.

“A CPI tem nosso apoio integral, uma vez que se trata de iniciativa que visa não deixar passar em branco um crime cometido contra a vida do povo brasileiro. O Governo Federal errou desde o início. Menosprezou o poder letal do vírus”, disse Antonio Carlos Costa, presidente da ONG Rio de Paz.

“Houve um morticínio no Brasil: 600 mil mortos pela covid-19. Se queremos tirar alguma lição dessa espantosa perda de vidas, a fim de que sofrimento como esse não se repita no nosso país, precisamos responder a uma pergunta central: quem são os responsáveis por esta tragédia?”, questiona Costa.

Cronograma da CPI

Com uma nova mudança na programação do colegiado, a data escolhida para a ação coincide com o dia que será dedicado exclusivamente a depoimentos de sete vítimas diretas e indiretas da covid-19 no colegiado. Durante o fim de semana, os senadores decidiram cancelar a oitiva de Nelson Mussolini, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que seria ouvido hoje. Mussolini integra a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), órgão consultivo do Ministério da Saúde. Ele seria cobrado a dar explicações sobre a última reunião da Conitec que retirou de pauta um documento que pretendia vetar o uso de medicamentos ineficazes no tratamento contra a covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS).

A mudança na programação fez com que outro depoimento previsto para hoje, o de Elton da Silva Chaves, representante do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems), que também integra a Conitec, fosse reagendado para amanhã (19). Com isso, a leitura do relatório do senador Renan Calheiros (MDB-AL) passou para quarta-feira (20). Para evitar questionamentos na Justiça e garantir tempo suficiente para os senadores analisarem o texto, o presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM), remarcou a votação do parecer para a próxima semana, na terça-feira (26).

Divergências

As alterações no calendário da CPI foram motivadas por divergências entre o chamado G7 – grupo de senadores independentes ou de oposição que tem maioria na comissão. As divergências são relacionadas a pedidos de indiciamentos no relatório. “Acho muito bom o adiamento, pois nós teremos mais tempo para discutir. A CPI foi uma investigação complexa, feita à luz do dia, com aderência social e que reuniu caminhões de provas. Preciso pacificar essas divergências no grupo após o vazamento [de informações do relatório]. Esse grupo é heterogêneo e é natural que haja divergência em algum ponto”, avaliou Calheiros.

Fonte: Socialismo Criativo