Brasil ultrapassa 600 mil mortos por Covid, e governo insiste na cloroquina

11/10/2021 (Atualizado em 13/10/2021 | 11:18)

divulgação
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O Brasil ultrapassou nesta sexta-feira (8) a triste marca de 600 mil mortos pela Covid-19, sendo o segundo país com mais mortes pelo coronavírus no mundo.

Com 600.077 mortos pela doença e 21.533.752 casos confirmados, segundo o consórcio de veículos de imprensa, o país está atrás apenas dos Estados Unidos, que recentemente superaram a marca de 700 mil óbitos por covid-19. No entanto, os EUA têm uma população 55% maior que a do Brasil e possuem sistema mais eficiente de controle.

A trágica marca é resultado da ausência de um plano nacional de combate à pandemia, que deveria ter sido instituído e liderado pelo Ministério da Saúde, da difusão de ideias negacionistas e da propaganda de tratamentos ineficazes, sem falar de casos de corrupção na área da saúde, investigados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada no Senado Federal.

E mesmo diante desse quadro, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde, órgão consultivo do Ministério da Saúde, retirou da pauta desta quinta-feira (7) a análise de um estudo de especialistas contra o uso de cloroquina contra a Covid, remédio comprovadamente ineficaz para tratamento da doença, e amplamente divulgado por Bolsonaro.

A insistência do governo no uso da cloroquina para tratamento da Covid vem desde o início da pandemia. O presidente Bolsonaro fez várias declarações públicas apoiando o uso do medicamento, mesmo após duras críticas de cientistas e infectologistas.

O líder da oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), se pronunciou em suas redes sociais sobre a atitude da Comissão e pediu que a retirada do estudo da pauta seja investigada. “Gravíssimo! Bolsonaro teria mandado tirar de pauta a análise de um estudo de especialistas contra o uso de cloroquina para tratar covid. Até onde vai a obsessão do presidente com esse medicamento? Até que morram mais 600 mil pessoas? Investigação já!”.

Indiciados

A CPI invesigou a responsabilidade de agentes do governo federal, de empresários, lobistas, médicos, ouviu testemunhas e até vítimas que sobreviveram a tratamentos oferecidos por empresas que seguiram a cartilha negacionista do presidente Jair Bolsonaro, contrariando os padrões internacionais.

O relatório, que deverá indiciar o presidente da República, ministros e outros agentes públicos, somando mais de 30 pessoas, e será lido no dia 19 de outubro e votado no dia 20. Após a votação, o documento seja encaminhado a diferentes órgãos, como a Procuradoria-Geral da República, o Ministério Público do Distrito Federal-SP e o Tribunal de Contas da União.

Histórico de vidas perdidas

A primeira morte oficial em decorrência da covid-19 no Brasil foi registrada em 12 de março de 2020, na cidade de São Paulo. Passados 149 dias daquele primeiro óbito, o país chegou aos 100 mil mortos em decorrência da infecção. A marca foi alcançada no dia 8 de agosto daquele ano.

Mais 152 dias, o Brasil chegou aos 200 mil óbitos. O registro foi feito no dia 7 de janeiro de 2021. Em seguida, apenas 76 dias se passaram para que o país somasse 300 mil mortes, o que aconteceu no dia 24 de março deste ano. Em mais 36 dias, a contagem alcançou os 400 mil mortos, em 29 de abril.

Com o efeito da vacinação em massa no país, o número de óbitos passou a registrar quedas consecutivas. Nesse sentido, foram necessários mais 51 dias para que o Brasil chegasse aos 500 mil mortos. A marca foi registrada no dia 19 de junho. Agora, passaram-se 110 dias, para que o país somasse as 600 mil mortes.A má gestão da pandemia no país tem reflexo direto nas populações mais vulneráveis.

Ato em memória aos mortos

Seiscentos lenços foram pendurados pela ONG Rio de Paz em varais na areia da Praia de Copacabana, Rio de Janeiro, na manhã desta sexta-feira (8).

Além de lembrar as vidas perdidas, a manifestação é um repúdio ao modo como o governo federal e parte da sociedade vêm tratando a pandemia desde o início da crise sanitária.

Os lenços serão levados por Márcio Antônio, taxista que perdeu o filho para a Covid em abril de 2020, e pela ONG Rio de Paz a Brasília, no dia 19, data de encerramento da CPI da Covid. O material será entregue ao senador Randolfe Rodrigues, vice-presidente da CPI.

Fonte: PSB Nacional