Bolsonaro admite não ter provas de fraudes nas Eleições 2018

30/07/2021 (Atualizado em 30/07/2021 | 11:35)

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Depois de três anos fazendo ilações irresponsáveis de supostas fraudes nas eleições brasileiras, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu na live semanal nesta quinta-feira (29) que não tem provas para as denúncias que insiste em fazer. Ele havia convocado a transmissão para pelas redes sociais para apresentar o que ele chama de provas das alegações. Mas trouxe apenas convicções delirantes e descabidas e teorias lunáticas que circulam há anos na internet e já foram desmentidas reiteradas vezes.

Ao longo de sua fala, Bolsonaro mudou o discurso e admitiu que não pode comprovar se as eleições foram ou não fraudadas. “Não tem como se comprovar que as eleições não foram ou foram fraudadas. São indícios. Crime se desvenda como vários indícios”, admitiu.

Socialistas comentam a farsa presidencial

O líder da Oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ) comentou sobre o mais recente vexame presidencial.

O líder da Minoria da Câmara, Marcelo Freixo (PSB-RJ), ironizou a live de Bolsonaro e questionou se Ciro Nogueira (PP-PI), indicado para assumir a Casa Civil da Presidência da República, autorizou o mandatário a promover a transmissão.

Farsa do voto impresso não tem como ser provada

Durante a apresentação de Bolsobaro, que começou às 19h e continuava por volta das 20h, foram veiculados vídeos divulgados na internet que buscam transmitir a mensagem de que é possível fraudar o código fonte para computar o voto de um candidato para o outro.

Os vídeos utilizam uma linguagem bem didática, com desenhos animados, para deixar a mensagem facilmente assimilável.

Tribunal Superior Eleitoral (TSE), reportagens jornalísticas e checadores já mostraram, várias vezes, que esse tipo de fraude não é possível e que os vídeos que circulam na rede não indicam qualquer tipo de irregularidade ou que alguma urna tenha sido corrompida.

A apresentação ocorreu em transmissão no Palácio da Alvorada na noite desta quinta-feira (29).

Estavam presentes na residência oficial da Presidência os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral da Presidência), Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), além do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).

O responsável pela exibição dos indícios foi um homem identificado apenas como Eduardo, que, segundo Bolsonaro, é analista de inteligência.

O presidente abriu o evento com um discurso de cerca de 40 minutos, sem abordar especificamente as provas que havia prometido. Tratou de remédios sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19, novamente criticou governadores e prefeitos que promoveram isolamento social e mencionou políticas de seu governo

Bolsonaro também criticou, por diversas vezes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu provável adversário no pleito de 2022. De acordo com a última pesquisa do Datafolha, o petista venceria Bolsonaro no segundo turno por 58% a 31% das intenções de voto.

Ataques de Bolsonaro ao TSE

O presidente também atacou o presidente do TSE ministro Luís Roberto Barroso, e defendendo a sua tese do voto impresso —chamado por Bolsonaro de “auditável” e democrático.

“Por que o presidente do TSE quer manter suspeição das eleições? Quem ele é? Por que ele fica interferindo por aí, com que poder? Não quero acusá-lo de nada, mas algo muito esquisito acontece”, disse Bolsonaro.

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“Onde quer chegar esse homem que atualmente preside o TSE? Quer a inquietação do povo? Quer que movimentos surjam no futuro que não condizem com a democracia?”

A Corte Eleitoral, inclusive, usou as redes para esclarecer, mais uma vez, a inconsistência das denúncias sem fundamento de Bolsonaro.

Bolsonaro parte para cima de Lula

Bolsonaro afirmou ainda, erroneamente, que a contagem dos votos seria feita em uma sala escura no TSE pelo mesmo homem que determinou a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O presidente então repetiu a mentira de que a contagem das eleições hoje seria secreta e de que quer uma apuração pública, algo que não faz sentido, pois atualmente o processo de totalização dos votos já pode ser auditado, inclusive com um registro impresso, que é o boletim da urna.

Os boletins de urna são distribuídos aos partidos políticos e afixados nos locais de votação em cada seção eleitoral. A impressão e publicidade dada aos boletins de urna impressos às 17h em cada seção eleitoral garantem a auditoria e impedem fraudes na totalização, pois uma diferença entre os números impressos e os totais podem ser identificados.

A proposta do voto impresso em debate no Congresso e defendida por Bolsonaro não provocaria alterações na contagem dos votos.

Embora tenha prometido provas, em determinado momento da transmissão, o presidente transferiu para a responsabilidade de mostrar fatos concretos a quem defende o sistema.

“Será que esse modo de se fazer eleições é seguro, é blindado? Os que me acusam de não apresentar provas, eu devolvo a acusação. Me apresente provas [de que] não é fraudável”, desafiou.

Com informações da Folha de S.Paulo

Fonte: por: Iara Vidal / Socialismo Criativo