Comparada a outras profissões, a enfermagem é uma profissão
jovem, com cerca de 200 anos de organização. Nasceu na medida que foi surgindo a necessidade
de sistematizar e controlar infecções, principalmente, durante as guerras e, também, com a necessidade de ter solidariedade na dificuldade das pessoas que
não podiam pagar por atendimento.
Diferente de outras profissões, os filhos não saiam de casa
para estudar enfermagem, essa era a tarefa de pessoas que ficavam as margens da
sociedade ou, ainda, de quem escolheu viver para a caridade: prostitutas e
freiras. Pagamos um preço alto até hoje por essas heranças, onde temos muitas
piadas que relacionam a profissão ao trabalho sem remuneração, apenas na base do amor.
Escolher cuidar das pessoas é sim uma grande vocação. Para
quem fica o tempo todo em contato com as pessoas, trabalhando em equipe e
sentindo mais do que todos as dificuldades de serviços de saúde, pois o médico prescreve
o antibiótico para a criança, a mãe sai do consultório e olha para a enfermeira e diz “tu tem aí? Eu não tenho como
comprar”, ou, ainda, chega no plantão e alguém diz “sabe o sr. Fulano está
sozinho? Temos que cuidar dele o tempo todo, porque ele chora e chama pelo filho”. A empatia está
no perfil do profissional de enfermagem.
Somos o povo que conseguiu estudar, fazer um técnico ou uma
universidade e cuidamos das pessoas com o sentimento de igualdade e de respeito
pela pessoa humana.
Muitos acham que somos “ajudantes” de médicos. Isso é
repetido inúmeras vezes, ecoa em toda sociedade, e não temos problema em ajudar.
Mas quando o trabalho é realizado em equipe multidisciplinar, todos se ajudam. E, sim, ajudamos e somos imprescindíveis, indispensáveis, em nosso papel principal
de mantermos diferentes serviços de saúde funcionando. O Sistema Único de Saúde (SUS) do País se mantém firme, porque a enfermagem, que é uma mão de obra assalariada,
barata e qualificada, está presente em todos os locais, mesmo os mais distantes.
Somos uma profissão do futuro sim! Em tempos de robotização,
substituição de vários serviços por aplicativos, computadores e smartphones, aquele
que toca nas pessoas, que se coloca no lugar do outro, que olha nos olhos, que da
banho e que, sem nenhum preconceito, ou nojo, fica ao lado do vômito, da diarreia, da secreção respiratória, sem medo e sem lembrar das suas dificuldades,
cuidando de verdade e dando apoio e força nesses momentos, terá muito espaço no
futuro.
Somos uma equipe, portanto temos uma semana de
comemoração que começa dia 12 de maio,
dia internacional do enfermeiro, e termina no dia 20 de maio, dia internacional
do técnico de enfermagem. Um enfermeiro nunca está sozinho, está sempre com colegas
que, juntos, ficam em vigília cuidando para serem a mão que dá força na hora da dor.
Essa profissão jovem, e que irá continuar escrevendo com toda
força sua história, quer mais que aplausos. Tem buscado regulamentar o seu piso
salarial e, também, sua jornada de trabalho, através de uma legislação que seja
justa com o tamanho da sua importância.
Essa é a semana para verdadeiramente homenagear a enfermagem, não somente porque é o dia internacional, mas porque ela escolheu o cuidado como principal ferramenta de trabalho. O cuidado com a Tua Saúde e a saúde dos outros.
Por: Fábia Richter
Prefeita de Cristal (2013 a 2020)
Vice-presidente da Famurs
Diretora da Far Treinamentos
Fonte: Edição: Stéphany Franco