Ministério da Saúde reduz quase pela metade previsão de vacina para abril

01/04/2021 (Atualizado em 05/04/2021 | 09:20)

Nessa quarta-feira (31), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que a previsão para o mês de abril é distribuir 25,5 milhões de doses de vacina contra a Covid-19. O quantitativo é quase metade do previsto pelo seu antecessor, o general Eduardo Pazuello, que prometeu 47,3 milhões de doses antes de deixar o cargo.

No cronograma da pasta constava que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entregaria 21,1 milhões de doses nesse período, mas a própria instituição disse que a nova previsão é de aproximadamente 18 milhões.

“Em relação às vacinas do mês de abril, a previsão é de 25,5 milhões de doses. Há atraso na entrega das duas principais indústrias nacionais: Butantan e Fiocruz.”
Marcelo Queiroga

O Instituto de Biotecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), vinculado à Fiocruz, também descumpriu o compromisso assumido junto ao Programa Nacional de Imunização (PNI) de entregar as vacinas de março nessa quarta. Seriam 3,8 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford. Novo prazo foi fixado para sábado, 3 de abril.

O diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma, disse que um dos motivos do atraso é a máquina recravadora de uma das duas linhas de processamento da vacina, que teve de ficar parada uma semana após apresentar falhas.

Mesmo com escassez da vacina, Queiroga insiste na meta de vacina 1 milhão de pessoas por dia em abril. Segundo o ministro, foi criada a secretaria de enfrentamento à Covid-19 para agilizar medidas.

Há ainda outra falha no cronograma de vacinação para abril. De acordo com reportagem do jornal O Globo, o Ministério da Saúde mantém as 8 milhões de doses da vacina indiana Covaxin apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter negado nessa quarta o pedido de importação e distribuição do imunizante.

O cronograma da Saúde previa 8 milhões de doses da vacina já para este mês de março, mais 8 milhões para abril e 4 milhões para maio, num total de 20 milhões de doses. A pasta não conta mais com a remessa de março, mas continua insistindo na viabilidade das próximas entregas previstas.

“A Anvisa fez esse reparo (sobre a fábrica não ter sido certificada), precisamos esperar se vai haver algum tipo de contestação da parte da Índia. E uma vez decidida a Anvisa, se for o caso, em função da lei que autoriza vacinas que tenham autorização no país de origem, nós vamos consultar a assessoria jurídica se podemos manter a Bharat Biotech no nosso calendário de vacinação.”
Marcelo Queiroga 

Entre os problemas apontados pela instituição para negar a importação estão a falta de documentos apresentados pelo Ministério da Saúde, como um relatório técnico de avaliação do medicamento feito pelas autoridades sanitárias indianas.

Cerca de seis em cada dez doses de vacinas contra a Covid-19 distribuídas pelo Ministério da Saúde já foram aplicadas, de acordo com dados da própria pasta. Apesar de ser utilizado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para criticar estado e municípios a respeito da velocidade da vacinação, o dado mostra um problema causado pelo próprio governo federal: a falta de doses.

O argumento já foi utilizado pela ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves, pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, e até pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). No entanto, ignoram a dificuldade de distribuição para algumas regiões, de cadastro das doses aplicadas e, principalmente, a quantidade baixa de doses.

Em campanhas como a da gripe — na qual se baseia o programa de imunização contra a Covid-19 —, a aplicação transcorre da mesma forma, mas a relação entre distribuir e aplicar não é destacada porque não há problema com o quantitativo de doses.

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta o texto-base do Projeto de Lei 1011/20, que inclui novas categorias de profissionais como prioridade no plano de vacinação contra a Covid-19. Ainda precisam ser votados os destaques ao texto após ponderação da relatora, deputada Celina Leão (PP-DF).

O projeto incluiu entre os grupos prioritários caminhoneiros autônomos e motoristas de transporte rodoviário de cargas, trabalhadores de transporte coletivo rodoviário e metroviário de passageiros; pessoas com doenças crônicas e que tiveram embolia pulmonar; agentes de segurança pública e privada, desde que estejam em atividade externa comprovada.

Após a apresentação de emendas em Plenário, Celina Leão incluiu ainda os profissionais das seguintes áreas:

  • do Sistema Único de Assistência Social (Suas), das entidades e organizações de assistência social, e os conselheiros tutelares que prestam atendimento ao público;
  • trabalhadores da educação do ensino básico em exercício nos ambientes escolares;
  • coveiros, atendentes e agentes funerários;
  • profissionais que trabalham em farmácias;
  • oficiais de Justiça;
  • taxistas e os mototaxistas; e
  • profissionais de limpeza pública.


Fonte: Socialismo Criativo - Com informações do jornal O Globo e Agência Câmara