Estudo aponta que classe média no Brasil não cresce há 40 anos

23/03/2021 (Atualizado em 23/03/2021 | 15:27)

reprodução internet
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Um estudo inédito conduzido pelo economista Waldir Quadros, professor da Facamp, de Campinas (SP), apontou que a classe média passou a representar 24% da população brasileira. Ou seja, 48,7 milhões de pessoas, em 2014, ante 21,5% em 1981. O baixo crescimento retrata o fracasso do Brasil no desenvolvimento da economia, que passa necessariamente pela ampliação dessa camada, afirma reportagem da Carta Capital.

De acordo com o estudo, em 1981 a “alta classe média” abrangia 8,3% de uma população de 118,4 milhões de habitantes, totalizando 9,9 milhões. Em 2014, alcançou apenas 9,1% de 203,2 milhões, ou 18,5 milhões de indivíduos. Isso ocorreu no auge da mobilidade recente, destacou o economista. A “média classe média”, em 1981, englobava 13,2% e totalizava 15,6 milhões. Em 2014, era 14,8% e 30,2 milhões.

Os profissionais de nível superior, a exemplo de médicos, engenheiros, professores universitários e pequenos e médios empresários, são representativos da “alta classe média”. A “média classe média” inclui gerentes, professores de segundo grau, supervisores e técnicos especializados.

Uma das características mais marcantes da fase de progresso social que vigorou durante o período com o governo do ex-presidente Lula foi o elevado dinamismo e a mobilidade social ascendente entre as camadas populares, mas esse dinamismo revela um claro limite e produz impactos no cenário atual. Usufruindo de condições de vida absolutamente diferentes das camadas populares, classe média ainda sobrepõe-se à crise econômica causada pela pandemia de Covid-19:

“Quando o país funciona, a desigualdade faz parte e a classe média é beneficiada, ela não se abala, encontra empregada doméstica barata, pedreiro barato, todo tipo de serviçal barato. A desigualdade nunca foi preocupação da classe média, exceto em segmentos politizados. Aos entraves estruturais da mobilidade social dessa classe sobrepõem-se agora, na pandemia, os problemas de confiança nos rumos do país, custo de vida, escola dos filhos caríssima, medo de gastar, de perder o emprego e ficar desempregado por tempo indefinido, de contrair a Covid-19 e não encontrar vaga em hospital e UTI, receio de morrer.”

Classe Média endividada

Sobre a mesma classe, um relatório da Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostrou que as pessoas na faixa salarial entre R$ 3 mil e R$ 9 mil gastaram pouco mais de um terço da renda para pagar dívidas em 2020. Ainda segundo o relatório, 67,9% das famílias com essa renda estavam endividadas em janeiro passado. Como resultado, as famílias precisarão adotar maior rigor na organização do orçamento doméstico.

“O agravamento da pandemia e atrasos no calendário de vacinação aumentam as incertezas sobre o desempenho da atividade econômica. É importante não somente aumentar a fonte de receita, mas alongar prazos de pagamento das dívidas para manter a inadimplência sob controle”, afirma o documento.


Fonte: Socialismo Criativo com informações da Carta Capital e Isto É