29 de Janeiro - Dia da Visibilidade Trans, e a cada hora
que passa, mais casos de violência e genocídios aparecem. Uma data que foi
estruturada para celebrar e zelar a vida trans, mas que acabou se tornando um
marco na qual o luto e a lembrança d@s que já nos deixaram por conta da
transfobia gritam mais alto.
O Rio Grande do Sul foi já um Estado com grande destaque
nacional em questões de cidadania Trans. Dos 27 da federação, foi o primeiro a
emitir a Carteira de Nome Social. Mas com o tempo, o desgoverno se instaurou, e
a sensação que ficou é outra: medo, insegurança e incerteza sobre o futuro. De
acordo com a Rede Trans Brasil, só em 2019 foram registradas 105 mortes. Apenas
na região de Santa Maria, foram cinco mortes em quatro meses. Entretanto cabe
lembrar que este número pode ser ainda maior, visto que por vezes as
autoridades policiais realizam o registro de maneira errônea.
Não é a toa que o Brasil é o país que mais mata pessoas
Trans e Travestis no mundo - está na primeira colocação do ranking mundial. Enquanto
o governo luta para que seus pacotes econômicos sejam aprovados, a morte e a violência
contra nossa população aumentam como uma epidemia. Para o governo, as demandas
da população LGBT são vistas como regalias exigidas por um grupo que se
vitimiza. O que eles não levam em consideração é que somos cidadãos, pagamos
nossos impostos e cumprimos nossos deveres, e nada mais justo do que cobrarmos
nossos direitos básicos e fundamentais, como o direito de permanecer vivas/os.
A população LGBT do Rio Grande do Sul pede socorro, e não
é de agora. Será que em algum momento nossas vozes serão ouvidas? Seguiremos na
luta para que sejam ouvidas, e se os sussurros não funcionarem, gritaremos mais
alto, pois, mais do que qualquer outra coisa, nossas vidas importam.
Giovana Deotti - Mulher Trans, Líder do Movimento LGBT
Socialista/PSB-RS e Coordenadora da ART Jovem LGBT Nacional no Rio Grande do
Sul.
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